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Manual do inverno: dicas para uma boa alimentação

Corpo necessita de mais calorias para se manter aquecido no frio, mas excessos podem causar riscos à saúde


Quem não sonha com uma pizza, um fondue ou chocolate quente no inverno? A vontade por esse tipo de alimento aumenta nesta época, e não é à toa. Na verdade, é seu corpo pedindo mais calorias para se manter aquecido, explica a professora e pesquisadora do Departamento de Nutrição da UFRGS Carolina Guerini de Souza.

— A queda da temperatura promove em nosso corpo o que chamamos de termogênese induzida pelo frio, ou seja, aumento da produção de calor para manter a temperatura corporal, e para isto nosso corpo gasta mais energia. O aumento no dispêndio de energia funciona como um sensor para aumento de fome, e nosso cérebro, na sua perfeição, nos faz buscar alimentos com alta densidade calórica a fim de suprir esta demanda — afirma a pesquisadora do Serviço de Nutrição e Dietética do Hospital das Clínicas de Porto Alegre.

Para a nutricionista clínica e professora da Unisinos Bruna Pontin, são outros os fatores endócrinos e fisiológicos que justificam a maior fome no inverno. Um motivo pode estar relacionado à teoria do gene poupador, segundo a qual a estação era sinônimo de fome pela dificuldade para caçar e coletar alimentos.

— Essa teoria sugere que estamos geneticamente programados para aumentar os estoques de gordura nos meses mais frios e que isso nos ajudaria a sobreviver nos períodos de escassez — complementa.

Há também a produção de melatonina, menor no inverno. Esse hormônio age diretamente em uma região do cérebro chamada hipotálamo, que inibe a fome.

Por isso, comer um pouco mais é esperado – o problema é que as pessoas descuidam e muitas vezes comem só por vontade, a famosa gula. O resultado dessa equação é um só: ganho de gordura. Dependendo desse acréscimo, podem aumentar os riscos de complicações ligadas ao excesso de peso, como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares. No inverno, vale a máxima de sempre dos nutricionistas: equilíbrio. Dá para comer um fondue e tomar vinho em uma noite, mas não em todas.

Outros conselhos à mesa:

  • Respeite sua fome. Não continue comendo só por vontade, mesmo estando saciado. Não há alimentos proibidos, mas aqueles ultraprocessados (biscoitos, bolos, pizzas, congelados, enlatados, instantâneos), ricos em gordura e/ou açúcar, devem ser consumidos em pouca quantidade.
  • Prepare mais pratos em casa, com ingredientes mais saudáveis e frescos. Experimente frutas assadas e grelhadas, verduras e legumes cozidos, sopas, cremes e caldos. Temperos e especiarias como pimenta, canela, cravo gengibre e cúrcuma trazem mais calor às refeições.
  • Mantenha-se hidratado. Se não consegue beber tanta água nos dias frios, substitua por chá sem açúcar e chimarrão.
  • Não deixe de ingerir boas fontes de vitamina C (como goiaba, laranja, kiwi, mamão, manga, morango e pimentão), que estimula a imunidade e evita gripes. 

Por: Karine Wenzel | Fonte: GaúchaZH
Foram consultadas as nutricionistas Bruna Pontin e Carolina Guerini de Souza